Buenos Aires: Gastronomia além de Puerto Madero

Restaurantes de cidades próximas começam a atrair a atenção dos porteños, levados pela preferência de jogadores de futebol conhecidos

Por Mario Teixeira (foto e texto)

 

Já foi o tempo em que o endereço dos grandes e famosos restaurantes estava em Puerto Madero. Ainda hoje se encontram no porto revitalizado de Buenos Aires nomes como Rodizio e Siga la Vaca, que foram referência na última década e ainda hoje atraem, principalmente, turistas que passam pela cidade. Entretanto, para os porteños, a região passou a ser cara e sem muitos atrativos, com comidas que não oferecem o "custo x benefício" de nomes que surgem no cenário gastronômico argentino, atraindo jogadores de futebol e muitas famílias.

                                As filas na porta da parrilla são sempre longas, principalmente nos finais de semana

Em Avellaneda, na Avenida Güemes, 567, a Parrilla El Tano, tem despontado como um dos principais nomes do momento. Com menu a 130 pesos (cerca de R$ 49, por pessoa), já incluindo uma garrafa de 2 litros de refrigerante a cada dois clientes e a sobremesa, o lugar chama a atenção pela decoração focada em esporte, em especial futebol, e pelo animado clima de cantina italiana. Tano, em Buenos Aires, é como são chamados os italianos. Entretanto, não espere conversar nesse idioma com os proprietários. O nome nada tem a ver com a origem porteña dos donos, que dão a times como Dock Sud, da região, o mesmo valor que Boca Juniors, Barcelona ou Real Madrid.

Fábio faz questão de atender pessoalmente os clientes.

Na parede estão algumas camisas famosas. Infelizmente, nenhuma do Brasil. Mas tem uma do Barcelona que, segundo lendas, teria sido oferecida a Fábio, o proprietário, por Lionel Messi, o que nunca foi confirmado. Também, ninguém negou a informação. Diante da camisa, torcedores do Real Madrid decidiram presentear o proprietário com uma camisa de seu time, a fim de não perder a posição perante o rival. Brigas a parte, o dono está sempre sorrindo, levando ele mesmo a "parrilla" à mesa dos clientes e oferecendo sugestões de carnes que cada um pode gostar.

Apesar da qualidade da carne, não se deixe levar pela quantidade. Os garçons circulam constantemente com as saladas pedidas, além de bandejas com carne em molhos de mostrada, queijo e com presunto e ovo frito. Os cortes tradicionais, como Vacio e Costela, não foram esquecidos e chegam quando pedidas ou em meio a algumas belas sugestões do chef. Por isso mesmo, embora o local ofereça oportunidade de reserva, não se atrase, para não correr o risco de perder a vez e ter de enfrentar as filas, que misturam famílias de Buenos Aires e das cidades próximas com os jogadores do momento. Talvez esse seja o segredo do sucesso: todos que não possuem reserva ou se atrasam, ficam na mesma fila. Sem predileções ou fama.

Parque da Cervejaria é opção para todo o ano

Para aqueles que não curtem carne, mas gostam de massas bem preparadas, em meio a telões onde passam os jogos do campeonato argentino e shows, a sugestão e o restaurante do Parque da Cervejaria Quilmes, em Triunvirato, 700, em Quilmes. O espaço é amplo e com boa calefação durante o Inverno. No Verão as mesas deixam enchem o salão e seguem em direção ao parque, onde pode-se ver quadras esportivas, o campo do time de futebol e, durante o dia, visitar a cervejaria.

Regada a muita cerveja, mas sempre com opção de água mineral e refrigerante, as massas levam os jogadores do time e famílias das cidades próximas, incluindo a capital argentina. Um bom Calzone, com queijo, palmito e champignon, que serve facilmente três pessoas, é encontrado por 120 pesos (cerca de R$ 45). Há uma lojinha que vende produtos da cervejaria, desde camisetas e bonés a canetas.

 

PARA OS MAIS ECONÔMICOS

 

Uma opção para quem tem pouco dinheiro são as carroças de parrilla

O autêntico sabor argentino pode ser aproveitado por aqueles que possuem menos dinheiro para gastar e não se importam de dividir espaço com trabalhadores da construção civil. Os quiosques de "parrilha" no pão, desde o tradicional Choripan, linguiça defumada no pão, a 15 pesos (cerca de R$ 5,50), até a famosa Bandiola, bifes de lombo de porco, com um ovo frito sobre a carne, a 30 pesos (cerca de R$ 11). As opções de salada e molhos para acompanhar estão sempre à disposição dos consumidores. As barraquinhas podem ser encontradas em várias partes da cidade, de domingo a domingo.

Por sinal, elas já foram motivo de uma discussão municipal, que ainda segue um rumo indefinido. Os sanduíches são feitos em chapas aberta sobre o carvão, para manter o sabor da "autêntica parrilha argentina". Apontando questões ecológicas, envolvendo o corte de madeira e a fumaça de sua queima, políticos de Buenos Aires resolveram fazer um decreto pedindo a substituição da madeira por gás de botijão, o que, segundo os barraqueiros, iria decretar sua falência, uma vez que a carne perderia o sabor e os clientes desapareceriam.    

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